segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ao meu possível engano.

Ela era fria como o coração do diabo,não tenho como afirmar isso,afinal quem conhece o morador lá debaixo? Decidi então sair da cama, dar alguns passos despropositados. Acho que me levantei muito rapidamente.Respire!concentre-se!1,2,3.Agora sim estou pronto.Essa maldita vertigem não me deixa em paz, parece esses períodos curtos que eu insisto em escrever.Até tento de outra maneira, porém inebriado deste jeito irei me perder na primeira conjunção, ou não, esse trecho pode provar o contrário.
Muito bem, as escadas agora são um obstáculo a menos.Maldito médico,ele me enganou com esses medicamentos caríssimos, a vertigem continua me atormentando e por causa dessas drogas eu não posso deixar de notar minha perda de cabelo,o que pode gerar mal humor excessivo, destemperamento momentâneo e uma vontade no mínimo bizarra de levar meu cachorro para passear, como acabou de acontecer.
Porém,o mais estranho de tudo isso foi a rejeição do meu fiel amigo, não entendo, ele flertou com uma cadelinha e isso já o deixou extremamente cansado, talvez ele não tenha só flertado: - Ela era fácil né,meninão?!
Claro que para o meu cachorro o acasalamento é bem mais simples, ele só faz seu trabalho e ainda não tem que cuidar de seus filhotinhos. Não que isso tenha passado pela minha cabeça. Meus pupilos são ótimos, a moça é muito inteligente, apesar da dificuldade explicável em matemática , e o rapaz tem 13 anos, não gosta de futebol, adora Sex and the City e já pensa em cursar Letras, todos esses fatos do garoto são inexplicáveis.
Vou beber só uma cerveja para me dar sono, desrespeitando,assim, uma ordem daquele brincalhão que, provavelmente, comprou seu diploma de medicina.
Não era só um jeito de falar, juro!Ela realmente estava fria, será que está morta?Meu Deus.Saí correndo alucinadamente em busca de provas da potencial boa notícia. Quando entrei no quarto ela falou comigo, dilacerando a minha esperança:
- Não temos mais condições.
E tudo não passa de uma enganadora linha tênue que separa a minha aparente alegria da minha real felicidade.